Eu começo a escrever essa news na última segunda feira do ano, e você vai recebê-la na primeira de 2023. Ufa! Que respiro, hein? Eu tava doida pro juíz apitar fim de jogo para 2022.
Feliz Ano Novo para nós! Que seja um ano de criar memórias inesquecíveis, ressignificar coisas ruins e seguir olhando sempre os dois lados da moeda.
Chegou muita gente nova nos últimos dias, então sejam bem vindos! Hoje eu quero falar sobre medo. Aquele medo de perder alguma coisa que pode estar acontecendo, em algum lugar, a qualquer momento. Mas quando a gente fica focado em não perder tudo o que está acontecendo, o que será que a gente perde?
olhando pro céu (e pensando em um monte de coisas) ☁️
Você já ouviu falar de FOMO? Essa é uma sigla para a expressão em inglês “fear of missing out” que traduz para “medo de ficar de fora” ou “medo de estar perdendo”. Ela surgiu já tem um tempo, mas se popularizou nos últimos anos com o boom das redes sociais. Eu vou descrever um pouquinho o que é e você faz um bingo aí do seu lado para ver se você se encaixa:
Sabe quando a gente abre o Instagram, Twitter, Facebook ou até canal de notícias para ver o que está acontecendo no mundo, mesmo que você tenha feito isso a cinco minutos atrás? Quando a gente pega no celular qualquer um minuto livre, porque pensa que provavelmente está perdendo alguma informação importante? E aí, consequentemente, a gente vira uma pessoa que não larga o celular, ou que detesta ficar sem conexão com a internet, porque sem internet a gente com certeza vai perder alguma informação importante.
O FOMO dá medo de desconectar, de se afastar daquilo (internet, redes sociais…) que te permite saber de tudo, mesmo que não tenha nada de novo para você saber. Mas ele não termina nas redes sociais (tanto que a expressão surgiu muito antes da popularização dessas). O FOMO pode aparecer quando você aceita ir em todos os eventos que é convidado, por exemplo, porque fica receoso de perder algo importante que vai acontecer lá.
Eu percebi que estava nadando em FOMO numa época que quis mudar radicalmente meu uso do Instagram. Eu abria o aplicativo a cada dez minutos, e teve um dia que eu sai do automático por tempo suficiente para pensar “meu deus, porque eu tô abrindo o app de novo? Não tem NADA de novo aqui, eu não tô perdendo NADA (só minha saúde mental)”.
E eu quis falar de FOMO antes de qualquer coisa porque acho que ele explica um comportamento nosso que não é exatamente saudável. Esse modo automático que entramos de precisar saber de tudo, ou essa angústia de não estar conectado que muitas vezes nos afasta do presente, do agora.
De um tempo para cá eu passei a valorizar e apreciar muito o “agora”. E é difícil, mas os benefícios de conscientemente se desligar desse mundo digital para viver seja lá o que está acontecendo no momento é maravilhoso. Porque afinal de contas só existe o agora, o presente. E apesar de só o presente ser real, vivemos a maior parte do nosso tempo no passado ou no futuro, e então nos tornamos saudosistas, insatisfeitos ou ansiosos.
Fazemos reuniões pensando na próxima, nos encontramos com amigos mas ficamos olhando no Instagram o que os outros amigos estão fazendo. Almoçamos lendo notícias ou mensagens, tomamos café da tarde assistindo a um vídeo. No fim do dia não lembramos direito o que aconteceu na reunião, não conversamos direito com nossos amigos, não sentimos o sabor da comida. Queremos fazer tudo e estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e o preço disso é fazer tudo pela metade. Estar presente pela metade, se entregar pela metade, viver pela metade.
A sua outra metade está em algum lugar do digital, do futuro ou do passado. E para mim a jogada mais maliciosa da vida é quando chegamos no futuro e pensamos “aquela época era tão boa, eu devia ter aproveitado mais”. Às vezes não aproveitamos porque realmente não houve tempo, porque eram muitas responsabilidades, muitos pratinhos para equilibrar. Mas perceber que não aproveitamos porque estávamos preocupados em perder o que o outro está fazendo da vida dele, porque ansiamos eternamente pelo que está por vir ou porque estamos sempre sentindo falta do que já passou… Isso nos quebra um pouco, não é? Já pensou que sabor deve ter olhar para trás e pensar “nossa, eu aproveitei aquela época viu”? Eu tenho certeza que você tem algum momento da sua vida que consegue pensar dessa forma.
Eu posso estar enganada (e eu não tenho embasamento teórico nenhum para afirmar isso), mas não acho que essa dificuldade de estar presente no presente seja exclusiva da época que vivemos. Acho que isso é natural do ser humano, mas que por estarmos em uma era digital isso se multiplicou por duzentos, e obviamente quando se torna um excesso, se torna ruim.
Eu não espero de mim nem de ninguém que a gente nunca pense no passado, nunca anseie pelo futuro ou nunca abra o Instagram em uma roda de amigos. Ansiar pelo futuro é o que nos move, afinal de contas. O que eu estou sempre me perguntando e a pulga que eu queria deixar na orelha de vocês hoje é “o quanto estamos vivendo no automático, e para onde esse automático está nos levando?”. Estamos com medo de perder alguma coisa e, sem perceber, estamos perdendo os momentos importantes para nós?
Para que essa news não fique só ladeira abaixo, vou deixar para vocês a luz no fim do túnel, também conhecido como JOMO (joy of missing out/alegria em ficar de fora). O JOMO é o extremo oposto do FOMO, ou seja, é quando a gente fica longe da internet sem ficar ansioso, quando conseguimos gerir melhor nosso tempo para viver tudo que nos propomos a fazer.
Esses dois termos tem muito a ver com o uso consciente de redes sociais (e eu ainda quero falar sobre isso), mas espero que você consiga pensar na news de hoje para muito além desse tópico.
Esses dois artigos me ajudaram com a news de hoje, caso você queira ler um pouco mais sobre FOMO e JOMO:
🔖 Síndrome de FOMO: o que é e como melhorar
🔖 FOMO, FOBO E JOMO: conheça as expressões que surgiram na era digital
o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Essa época de Natal e Ano Novo para mim é sempre especial! Minha família tem tradição de ter festa de Natal no dia 24, e é o único momento do ano que eu encontro com todos os meus tios, tias, primos e primas. Eu amo (fico assustada todo ano) ver que as crianças já estão enormes, comer o bacalhau da minha madrinha e ficar torcendo para todo mundo gostar da sobremesa que eu levei.
Não precisa ser um grande evento, recheado de presentes ou hiper animado. Para mim o importante são as pessoas que fazem questão de estar ali.
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
Nos últimos meses eu venho lidando com algo que a Clara de 15 anos nunca achou que iria lidar: acne. Fui uma das adolescentes sortudas que não tinha problemas com espinhas, mas elas vieram me assombrar 10 anos depois. Espinhas internas ou não, na bochecha, na testa, na mandíbula… Uma negócio descontrolado que, claro (para jogar uma pimenta na situação que já tava ruim), a dermatologista não sabia dizer a causa. Isso vem rolando desde Agosto, mas esse mês as bichinhas se rebelaram, viu?
Sigo com os cuidados que a médica me passou e torcendo para que essa fase passe logo.
e o sol já vai se pondo 🌄
Não sei se consegui passar todo o raciocínio que estava dentro da minha cabeça para esse texto. Me conta o que você achou? Você também percebe que está no automático algumas vezes?
Se você quiser reler esse texto, lá no substack tem o arquivo de tudo que eu publico.
Nos vemos daqui a quinze dias!