meu quintal #21: quem seríamos se tivéssemos tido a coragem de ser
sobre tentar ser o outro e acabar preso consigo mesmo no fim
Vou começar essa newsletter fazendo uma propaganda gratuita para a Chico Rei. Se você não conhece, é uma marca de camisetas incríveis, com estampas super originais, qualidade maravilhosa, precinho na faixa e um monte de projetos e ações sustentáveis por trás. Eu sou apaixonada pelos produtos deles, e volta e meia fico passeando pelo site namorando as próximas camisetas que eu vou comprar.
E eu te falei tudo isso para contar sobre o dia que eu vi essa camiseta no site:

Talvez você não saiba, assim como eu também não sabia, mas essa frase é da Clarice Lispector. E independente de quem fosse, fato é que quando li isso foi como um tapa (de luva) na minha cara. Essa frase sozinha desatou nós que se embolavam dentro de mim por muitos anos. Vou te explicar melhor como, mas antes eu preciso falar de coragem.
Eu lembro vividamente de uma vontade gigante de ser blogueira na minha adolescência. Blogueira de blog mesmo, lá naquela época em que as pessoas escreviam e outras pessoas liam, num endereço marcado na internet, e esse era o principal formato de conteúdo. Mal se falava sobre conteúdo na internet com essas palavras, pra começo de conversa. E eu lembro que queria TANTO fazer parte daquilo.
Lembro de amigas que se aventuraram por um tempo e logo depois largaram pra lá, lembro até de ter me ressentido com amigas que não me chamaram para me aventurar junto com elas. E se isso começou com os blogs, logo depois se transformou na vontade de ser YouTuber, instagramer ou qualquer moda parecida. Mas tudo que eu tinha de vontade, me faltava de coragem.
Hoje, depois de muita análise, terapia, autoconhecimento e blablabla, eu vejo que a coragem que me faltava não era de fazer um post, era de ser quem eu era. Porque toda aquela vontade de ser e fazer eram constantemente jogadas no fundo de uma gaveta pelo que eu achava que eu deveria ser, mas eu não queria ser alguém que não fosse eu mesma. Eu não queria criar algo que estivesse todo mundo criando. Toda vez que eu tento me encaixar num formato de vida, de conteúdo, de estilo, de leitura, de entretenimento, de seja-lá-o-que-for de outra pessoa, eu me frustro. Ora ora, porque será, não é mesmo?
Por isso, depois de viver uma sessão especialmente chorosa na terapia, ver essa camiseta com uma declaração dessas bateu fundo no meu peito. Porque depois de anos me convencendo de ser menos eu, eu vi que não tem muita escapatória, no fim eu tô presa comigo mesma. Já que sou, o jeito é ser.
E essa edição inicialmente seria para pensar sobre quem nós seríamos se tivéssemos tido a coragem de fazer as coisas que não fizemos no passado. Mas acho que no fim não existe muito isso. Acredito que seríamos sempre nós mesmos, com mais ou menos dinheiro, talvez rodeados de pessoas diferentes, mas na essência, os mesmos. E digo isso porque acredite, eu tentei esconder minha essência, mas ela ficou esperando por mim pacientemente. Até a hora que eu entendi que, já que eu sou, o jeito é ser.

o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Trago em primeira mão a notícia de que o Rio de Janeiro continua lindo. E que estou a 4 dias cantando “Aquele abraço” dentro da minha própria cabeça, sem ninguém saber.
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
Eu estava no Rio durante o segundo final de semana da Bienal, mas mesmo assim não consegui ir. Coração ficou apertadinho de FOMO vendo tanta gente, tanto conteúdo, tanta promoção de livro sem conseguir participar. Mas o tempo é um só e tive que fazer escolhas, meu povo.
e o sol já vai se pondo 🌄
Como sempre, eu vou amar se você me contar nos comentários o que achou dessa edição, é só clicar no botão abaixo.
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sobre mim
A propósito, eu sou a Clara. Esse negócio de ser você mesmo é difícil. Colocar a cara pra jogo, pra mim, não é fácil. Mas percebi que se for pra ser, tem que ser do meu jeito, e o meu jeito é sendo eu mesma e mais ninguém.
Daqui a 15 dias tem mais, mas continua lendo, poxa…