meu quintal #22: términos não anunciados

e como precisamos falar mais sobre amizade

set 25, 2023

Quando eu era mais nova, adorava a ideia do "para sempre". Canceriana, né? Amores que durariam para sempre, sim, mas principalmente amizades que durariam para sempre. Imagine você a decepção que foi chegar na vida adulta e descobrir que amizades, inevitavelmente, vão embora.

Caminhos seguem em direções opostas, os interesses deixam de ser os mesmos, os locais de encontro não se encontram mais. A rotina fica corrida demais, o tempo sobra de menos. Se é de grão em grão que a galinha enche o papo, é de dia em dia que uma amizade de anos se desfaz.

E eu não tô aqui hoje para falar sobre amizades que se desfazem, eu já falei sobre como precisamos deixar as pessoas irem em outro texto. Hoje eu tô aqui pra pensar sobre o evento do fim dessas relações que queríamos que fossem para sempre, mas principalmente como essas relações às vezes se vão sem anúncio.

Porque quando o romance acaba, normalmente ele vem anunciado. De uma briga, de uma conversa (ou de muitas), do desinteresse um pelo outro, de uma mudança, da distância física ou não. Mas a amizade, na maioria das vezes, acaba sem anúncio, já percebeu? Talvez porque nenhum desses motivos que listei acima prevê o fim de uma amizade como prevê o fim de um relacionamento amoroso.

Muitas vezes uma amizade termina num afastamento calado, num perceber depois de meses que não sabe como a pessoa tá. É um término que mora no unfollow nas redes sociais, na ausência em um aniversário, ou num convite ou numa mensagem carinhosa que não chega.

Às vezes penso que pode ser melhor amizades que terminam em briga (nunca passei por isso). Talvez seja melhor que tenha um evento, um conflito insolucionável, um ponto final, e não uma reticências. Porque para mim é mais triste uma amizade que termina sem motivo do que uma que tem uma lista interminável deles. Não é triste que uma relação que já recebeu um adjetivo de "especial" acabe resumida a um "não sei sobre fulano" e não com "ele foi um filho da puta comigo"? Sei lá, fico pensando nisso.

E fiquei pensando também no quanto somos capazes de resumir uma relação, para o bem ou para o mal. Como guardamos mil sentimentos em uma foto, como conectamos centenas de histórias a uma só pessoa. Mas também como, nesse mundo tão moderninho e acelerado que vivemos, as relações se resumem a tão pouco. Um amigo é alguém que você interagiu no twitter ou no instagram, mas uma amizade longa também acaba com um unfollow.

Enfim, acho que falta falarmos mais sobre términos de amizade. Porque todo mundo sabe como sobreviver ao término de um relacionamento amoroso: se rodeie dos seus amigos, faça coisas que você gosta, talvez recupere um hobbie perdido, invista todo o seu tempo em você mesmo. Mas ainda falta na internet o manual de sobrevivência à términos de amizades. Falta uma aula de etiqueta sobre como se portar caso encontre o ex-amigo/a/e num rolê. Falta alguém pra contar pra gente se é ok ou não mandar uma mensagem. Ainda mais quando são esses términos silenciosos, onde ninguém sabe muito bem onde começou o fim.

o que floriu por aqui 🌼

O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.

Eu terminei de montar o álbum de fotos da viagem que eu fiz em março. Sim, um álbum de fotos reveladas, assim como faziam antes do mundo digital. Mas me permita dizer que foi a melhor foi que fiz. Revivi todos os sentimentos da viagem separando cada foto, e agora tô finalmente conseguindo contar tim tim por tim tim do que vi e vivi na viagem para minha mãe, porque sentamos lado a lado no sofá e vamos folheando esse álbumzão de quase 500 fotos.

o que secou por aqui 🥀

Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?

Esse título tá um pouco irônico considerando a situação climática que estamos aqui em BH. Meu celular está a uma semana com um aviso de “Tempo Severo” por conta do calor e do tempo seco. E isso porque a onda de calor nem chegou para valer ainda.

Mas tirando o aquecimento global, meu dia não parece ter horas suficientes. Tô correndo para finalizar um projeto que tem prazo final no dia 31 de dezembro, e de repente 31 de dezembro virou logo ali.