Nos últimos meses eu comecei a perceber um traço de mim que é tão forte, que delimita tantos lados meus, que eu não sei como não o percebi antes. Na verdade eu sabia que ele estava ali, afinal de contas, poxa, ninguém quer realmente incomodar outra pessoa. Mas o que eu via era só o inicinho dele, a ponta do iceberg. E esse iceberg é fundo, vou te falar.
Eu não quero incomodar ninguém, e essa tentativa de sempre evitar o incômodo acaba prendendo muitas coisas dentro de mim. Na tentativa de não incomodar o outro, eu deixo o incômodo aqui dentro de mim. E vou deixando. E é aí que essa característica que parece tão boba, essa frase que a gente fala tanto no dia a dia (desculpa incomodar!) de repente virou um monstro.
Porque quando a gente realmente não quer incomodar, a gente acaba não falando coisas que precisam ser ditas. E sabe o que não funciona sem comunicação clara? Relacionamentos. (Spoiler: qualquer relacionamento)
A gente enrola aquela conversa importante do trabalho, com um amigo, com seus pais… Ou então adiamos ir falar com aquela pessoa que pode nos abrir portas, ou que simplesmente queremos muito conhecer, porque temos certeza que a nossa abordagem vai incomodar. Já criamos na nossa própria cabeça todo o pensamento que essa pessoa vai ter na cabeça dela sobre como aquela estranha foi falar com ela do nada. Ah, vocês não fazem isso? Sou só eu? Tudo bem então.
Fato é que percebi nos últimos meses essa extensão do meu medo de incomodar. Ou pelo menos parte dela. E fiquei muito puta comigo mesmo. Porque eu acredito que nós não temos que nos desculpar por existir ou por sentir o que sentimos, mas meu medo de incomodar é o extremo oposto desse pensamento. Eu fico constantemente me desculpando por me sentir de alguma forma específica, porque esse meu sentimento talvez traga um sentimento negativo para outra pessoa.
Talvez você não entenda nem se identifique em nada com esse texto, ou talvez você seja exatamente como eu, mas eu quis escrevê-lo para que fique aqui de registro, como um marco de que eu vou parar de me desculpar por querer deixar minha marca no mundo. Se eu tiver que incomodar algumas pessoas para chegar onde eu quero, então é isso que eu vou fazer, porque meus sonhos não são negociáveis.
Fico pensando em quantas pessoas os artistas que eu admiro não tiveram que incomodar para chegar onde estão, ou quantos muros internos eles não tiveram que derrubar para fazer o que fazem hoje. E é assim que vou me jogando pra frente.
PS: Nunca vi um homem com medo de incomodar. Eles criaram um antídoto só pra eles, eu que preciso expandir minha bolha, coincidência ou patriarcado? Deixa nos comentários o que você acha, por favor?
o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Comecei o ano assistindo muita coisa nova e boa, e com as leituras super em dia. Uma das coisas que me propus esse ano é de assistir novos filmes, já que sou daquelas que sempre prefere rever algo que adora ao invés de conhecer uma história nova. Até então tem dado certo!
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
Tô com um bloqueio criativo tão horrível que tô me sentindo um ser mágico preso dentro de uma jaula de metal que inibe meus poderes. Sinto que ainda não peguei no tranco do início do ano, e que estou só vagando pela vida essas últimas semanas. Mas logo logo isso vai passar.
a propósito, eu sou a Clara
e quando encontrei com uma das artistas que mais admiro nessa vida, a primeira coisa que disse para ela foi “desculpa incomodar”. E de todas as coisas que eu queria ter feito diferente na minha conversa com ela, essa é a que mais me pega.
“Entre suspiros (de amor e limão)” é meu primeiro livro e está disponível na Amazon.
Daqui a 15 dias tem mais, mas se quiser continuar lendo…