Percebi há algum tempo a existência de uma espécie que vive entre nós. É aquela pessoa que não precisa te conhecer tão bem (às vezes, só precisa ver como você se comporta nas redes sociais) para determinar se você passa tempo demais na rua, em casa, ou no trabalho. É aquele alguém que adora vir te falar se você deveria gastar mais tempo cuidando do seu filho, se deveria dedicar mais na academia, se deveria ficar mais tempo em casa. Que só de ver suas fotos tem uma opinião sobre você sair demais com seu namorado/namorada e não criar tempo para os seus amigos, ou se você só sai com seus amigos e nunca é visto com seu namorado/namorada. E, recentemente, eu parei para pensar em como isso vai além da internet, e que é pior ainda quando acontece com alguém que é próximo de você, ao invés de um desconhecido.
Aqui na minha bolha, vejo que eu e várias outras mulheres temos nosso cronograma constantemente vigiado e julgado pelos outros. Porque se passamos muito tempo no trabalho, não estamos dando atenção às pessoas ao nosso redor. Mas se somos focadas na família, nunca teremos oportunidades no trabalho. Se não temos namorado/namorada é por não procurar direito, mas se decidimos nos dedicar a um relacionamento estamos negligenciando todo o resto.
E talvez você, mulher que está me lendo, já tenha aprendido a ligar o foda-se para o que os outros dizem, mas aqui do meu lado, mesmo tendo consciência de que é impossível atender a todos, esse incômodo ainda me pega.
Porque toda vez que alguém pontua a minha ausência com tom de cobrança, eu sinto que chegará um momento em que não sobrará espaço nas 24h do meu dia para o que eu quero. Não há de sobrar nem uma hora do dia para mim, porque sempre haverá alguém que não recebeu atenção suficiente, pronto para me cobrar por isso. Sempre haverá um pratinho para ser equilibrado no lugar do meu.
E o que mais me incomodou recentemente é que tô dando falta de ver essa mesma cobrança com os homens (talvez seja só a minha bolha). Um homem nunca trabalha demais, afinal de contas ele trabalha para prover a família dele. Um homem nunca está deixando de cuidar da sua família por sair demais, afinal de contas, ele é jovem, tem que aproveitar mesmo. Presença? Bobagem. Cuidado? Não não não, isso é função da mulher.
Malditos tenham sido todos os anos que perpetuamos essa ideia de que o cuidado com as pessoas está restrito às mulheres de uma família. As mulheres que se dividam em vinte para atender a todos: ao trabalho, aos parceiros, à família, à casa, aos amigos e AÍ DELA se esquecer de cuidar de si própria.
o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Agora eu tenho um cabelo rosa e estou monotemática a respeito.
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
Consegui recuperar um ritmo de escrita, só pra ele fugir de mim logo depois. Ainda não descobri como trabalhar 9h por dia, criar conteúdo pra internet pra divulgar meu livro, escrever o próximo livro e viver o resto da minha vida com o dia tendo só 24h.
a propósito, eu sou a Clara
e uma vez uma pessoa da minha família que não é próxima de mim me parou na rua para falar que eu estava deixando de lado um aspecto x da minha vida. Eu tinha 19 ou 20 anos na época, e essa foi só a primeira de muitas vezes que as pessoas tentaram gerenciar o tempo da minha vida.
“Entre suspiros (de amor e limão)” é meu primeiro livro e está disponível na Amazon. Se você gosta de comédias românticas, ou se está em busca de uma história levinha para preencher seus momentos de descanso, esse livro é pra você!
Daqui a 15 dias tem mais, mas se quiser continuar lendo…