Hoje quero usar essa newsletter para fazer uma das coisas que planejei para ela: desenvolver raciocínios que não cabem no twitter.
Antes da gente começar, o que você considera como fracassar na vida?
olhando pro céu (e pensando em um monte de coisas) ☁️
Minha amiga Anna Júlia soltou duas perguntas que me deixaram com pulga atrás da orelha no twitter:
O que vocês consideram como fracassar na vida? O que seria sinônimo de fracasso aos 23 anos?
Quando eu comecei a responder, percebi que a própria palavra ”fracasso” me faz torcer o nariz. Sabe aquelas palavras que a gente simplesmente não gosta? Fracasso é uma delas para mim.
Acho que sinto assim porque tento ter uma mentalidade de gentileza na vida, e eu acredito que existe muita coisa para acontecer para além do que está acontecendo conosco agora. Vou explicar.
No caso da gentileza: acho todo o conceito de fracasso um negócio meio pesado, ou talvez as pessoas ao meu redor o usem com esse tom e eu acabei pensando assim. Dizer que alguém fracassou me faz pensar que absolutamente tudo deu errado, mas será que as coisas apenas não saíram como o planejado inicialmente? E se for a segunda opção, ainda cultivamos a ideia de que alguma coisa sai como o planejado inicialmente? Meio old né?
Ao tentar responder às duas perguntas do tweet, entrei em parafuso, porque para mim elas quase se contradizem. “O que você considera fracassar na vida?” Bom, para mim é chegar no fim da vida sem conquistar nenhum objetivo. “O que seria sinônimo de fracasso aos 23 anos?” Essa aqui eu simplesmente não conseguia responder, e aí entendi que é porque para mim não cabe fracasso aos 23 anos, já que ainda se tem toda a vida para conquistar o que quer. Além de que cada pessoa tem objetivos diferentes, então como definir o que é fracasso aos 23 anos para todo mundo?
Meu pensamento na mesma hora caiu em outro assunto, em como o tempo inteiro caímos nas caixinhas que criaram para nós sem nem perceber. Entrar na faculdade aos 17/18 anos, formar aos 21/22, ter estabilidade aos 25 e (a que eu acho mais hilária) ter a vida resolvida aos 30. Pergunte a qualquer pessoa de 25 anos se ela tem a estabilidade que esperam dela e depois volte aqui pra gente conversar.
Algum sabichão quis brincar de Jogo da Vida no mundo real e criou esse checklist ilusório do que devemos conquistar durante a vida, e quando devemos conquistar. Mas a vida de cada um é diferente, cada um tem seu tempo e seu caminho, e conquistar ou não qualquer um desses marcos não é garantia de sucesso e felicidade para ninguém.
Muito mais do que atingir esses marcos, a vida acontece no meio do caminho até lá. E acho que às vezes esquecemos de prestar atenção nas mini vitórias que temos durante esse caminho.
Caminho esse muito, muito tortuoso, e isso eu garanto que é para todo mundo. Planejamos nossa vida em uma linha reta, mas a vida sempre derruba uma árvore em cima da estrada e nos faz mudar o trajeto. Quanto mais cedo entendermos e abraçarmos isso, menos angústia sentiremos quando isso acontecer de novo e de novo. Porque quando a gente muda a visão de “que saco, vou ter que dar essa volta aqui para chegar onde planejei” para “ah, já que tô dando essa volta vou aproveitar a paisagem”, um peso enorme pode sair das nossas costas.
Como eu disse, acredito que existe muita coisa para acontecer para além do que está acontecendo conosco agora, a gente só precisa estar aberto o suficiente para olhar para o lado, ao invés de seguir olhando sempre em frente.
Fracasso pode ser não se formar na faculdade no tempo esperado, pode ser perder a partida de um jogo, não conseguir finalizar uma receita, não conseguir um emprego, não realizar um sonho da maneira que você o idealizou. Sei que o conceito de “fracasso” é tão individual quanto as mãos de cada um de nós, e quando o conceito vira um sentimento, não tem muito onde eu possa opinar. Talvez para mim um acontecimento não seja motivo para se sentir fracassado, mas para outra pessoa isso a machuque profundamente. E nessas horas eu entendo que não tem muito o que debater, apenas acolher.
Mas saiba, leitor, que no fundo somos todos um pouco fracassados. A gente só não deixa ninguém ver.
o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Eu e meu namorados achamos uma igreja com Festa Junina e fizemos questão de ir lá comer tudo que coubesse no bolso e na barriga. No mais, Junho foi um belo mês de descanso por aqui, sem muitos rolês no final de semana, só sossego.
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
Tô numa fase de querer fazer muitas coisas mas não necessariamente tendo energia para fazê-las. Vivo num misto de “Tô cheia de coisa para fazer” e “Eu só quero deitar e ficar embaixo das cobertas nesse frio”. Posso chamar de invernoinferno astral?
Lavar o cabelo também tem sido muito, muito difícil.
e o sol já vai se pondo 🌄
Fiquei curiosa e queria saber o que vocês achariam se, na semana que vem, eu postasse algum tipo de vídeo no instagram falando sobre o tema de hoje…
Especialmente hoje eu quero muito saber como é a sua relação com o fracasso. Me conta nos comentários? Se não quiser compartilhar com mais ninguém, responde esse e-mail, que só eu vejo.
E ah, indica essa newsletter para algum amigo/a/e que você acha que precisa de um abraço também.
sobre mim
Daqui a 15 dias tem mais, mas se quiser continuar lendo…
Amei demais essa edição!
Esse tema passa muito por aqui… A gente tem tantas expectativas, né?! Principalmente nesse momento de início da vida adulta, de sair talvez da faculdade e descobrir que aqueles planos que vinham se concretizando de forma crescente (anos de escola->cursinho->faculdade), já não seguem mais a mesma lógica. Seguem a lógica que querem!
Acho que a graça é que, a partir do momento que saímos do espiral de sentimentos que o “fracasso aos 23” provoca (principalmente decepção), começamos a nos desvencilhar de um tanto de besteira que enfiaram na nossa cabeça, e começamos a aceitar a vida como ela se desdobra -e a aceitar a gente como a gente é!
Amo seus textos e suas ideias, Cá!
Beijo beijo