
Do álbum mais recente das AnaVitória, a música que eu mais gosto e mais me toca é “Navio ancorado no ar”. A letra fala sobre um alguém que provoca e permeia dois caminhos contraditórios. Se você for romântico, pode interpretar como sendo um outro alguém. Se você estiver reflexivo, esse alguém pode ser outra versão de você mesmo. Eu vou pelo segundo caminho.
Além de gostar demais da melodia, os versos e a brincadeira com o contraditório cutucam lá dentro de mim. Eles colocaram em palavras sentimentos e conflitos internos que eu nem percebia que existiam.
Algo entre o cheiro do mar E da casa de alguém que eu já fui Entre a timidez e o escancarado Entre o mistério do abstrato E as retas perfeitas de um quadrado Você permeia o que eu quero e o que eu fujo Encontro da coragem com o medo de viver Alerta de perigo num lugar seguro Um navio ancorado no ar
Ouvindo essa música, percebi que tenho um monte de coisas contraditórias misturadas dentro de mim (quem não tem, não é mesmo?), mas, recentemente, prestando atenção na vida, entendi que essa mistura existe porque são assim os ingredientes que me fizeram: contraditórios.
Dentro de mim, esses ingredientes me puxam pra extremos opostos, e talvez parte dos meus dilemas terapêuticos seja por ter passado 27 anos tentando me convencer de que um extremo é melhor para mim do que o outro. Mas agora eu entendi que eu não quero ir para lado nenhum. Eu quero aprender a estar no meio do caminho. Um navio ancorado no ar.
Quando reconhecemos parte de nós no outro, é uma delícia, é mágico. Reconhecer no outro as partes de nós que não podemos ver no espelho, é mais mágico ainda. E às vezes não necessariamente num outro, mas se ouvir numa música, se ler num livro, se reconhecer numa família (seja de sangue ou não), se sentir confortável o suficiente num lugar para ser você (todas as metades de você). Tudo isso vira uma chavinha e desperta algo dentro de nós
Esses dias me vi na minha mãe, e também no meu pai. E os dois lados da Clara deram as mãos um pouquinho. Todas as contradições, tudo que a genética fez questão de deixar em mim de ambos, e que só agora eu começo a enxergar.
Entender a origem de si, e se temperar com seu próprio tempero.
o que floriu por aqui 🌼
O que aconteceu de bom ou de novo aqui no meu quintal.
Escritas fluindo, livros novos na estante, marcadores de “suspiros” espalhados por aí e o mês que finalmente virou…
o que secou por aqui 🥀
Eu sou zero a favor da ideia de vida perfeita que muitas vezes temos na internet. Então essa seção é para falar de coisas não tão floridas que aconteceram, pois afinal de contas elas também fazem parte da vida, né?
A perspectiva de uma semana de 5 dias úteis, a falta de tempo e dinheiro para ver todas as pessoas que eu quero e algumas realidades da vida adulta.
a propósito, eu sou a Clara
e fiquei insegura de escrever sobre meus pais sabendo que os dois vão ler isso, mas era o que eu tinha para falar hoje.
“Entre suspiros (de amor e limão)” é meu primeiro livro e está disponível na Amazon, agora com 200 avaliações para te convencer a dar uma chance pra essa história! Se você gosta de comédias românticas, ou se está em busca de uma história levinha para preencher seus momentos de descanso, esse livro é pra você!
Daqui a 15 dias tem mais, mas se quiser continuar lendo…